01.
Shipa, o guru de Oregon estava
na cidade e ia dar uma palestra em um centro esotérico na Bela Vista. Tinha um
cara no meu trabalho que era fã. Comprou ingresso um mês antes e falava
diariamente que não via a hora de se encontrar com seu mestre. Acontece que
Deus, esse maroto, mandou uma crise de vesícula pro coitado bem no dia do
evento.
Incapacitado de ir, o
moribundo me deu o ingresso.
Shipa era careca, tinha barba
comprida, bronzeamento artificial e bata laranja. Era um guru clássico. Começou
a palestra cheio de questionamentos.
“Onde está a vitamina da fruta?”
“Na casca!” respondeu um
tentando ser menos óbvio.
“Não!”
“No fruto?” disse outro.
“Também não!”
“Na semente?” “No Cabo?”
“naquela partinha que fica entre a fruta e a semente?...”
“Não! Vocês estão todos
errados!”
E então ele responde
pausadamente:
“A vitamina da fruta está na
sua cabeça!”
Todos disseram: óóóó... Ele
continuou
“E onde está a vitamina do
alface?”
Ninguém ousou responder ele
prosseguiu desafiador:
“Nas folhas? No Talo? Na áurea
energética do vegetal? Não!!! Onde está a vitamina do alface?”
Como todo mundo que estava lá
aprende rápido, responderam de pronto:
“Na nossa cabeça!”
E ele:
Yes! A vitamina está na nossa
cabeça.
A palestra seguiu variando sobre
o tema. Mas sempre com a mesma filosofia.
Na saída parei no balcão de um
café ao lado de uma garota que também estava na palestra. Brinquei:
“Onde está a cafeína do
café?... Na sua cabeça!!!”
Achei que ela ia rir, mas ela se
virou pensativa com a nítida expressão de quem levava tudo aquilo muito a
sério:
“ Genial esse guru, não?”
Mudei minha postura afinal, sou
volúvel.
“Genial! Essa entronização da
vitamina... só um cara muito elevado pra chegar nessa conclusão!”
“Você leu ‘onde está o glúten
do seu pão?’”
“Não, não li, mas acredito que
o glúten esteja na minha cabeça.”
“Exatamente. Na sua e na minha
cabeça... Você precisa ler, é um livro muito revelador...”
“Imagino... Como você chama?”
“Mayara”
Continuei o papo sobre o nada
com Mayara e trocamos celulares para mais encontros esotéricos.
02.
No dia seguinte fui visitar
meu amigo no Hospital. A enfermeira alertou:
“Ele está um pouco sonolento
por causa da cirurgia, mas você pode entrar...”
“Cirurgia?”
“Ah, sim, tivemos que retirar
a vesícula... Nada grave.”
Entrei anunciando:
“Sabe onde está sua vesícula
agora?... Na sua cabeça!”
Ele riu e em volta do riso
estava sua cara de doente:
“Já vi que o Mestre Shipa ganhou
mais um discípulo.”
“Que nada, rapaz... Puta
picareta!”
“Não fale assim... É preciso
ter a mente aberta pra entender o que ele fala.”
“Aberta e espaçosa porque tudo
está dentro da nossa cabeça.”
“Tá vendo, você assimilou o
principio do mestre, só precisa aceitar isso dentro de você.”
“ah, vai xaxar!’
Ele riu.
“E aí, gordo, você deve ter
emagrecido uns dois quilos agora que tiraram sua vesícula...”
“ Não fala assim... Tô meio
deprê com esse negócio, tiraram uma parte de mim sem me consultar.”
“Pra que serve a vesícula?”
“Sei lá, mas se está ali,
alguma função deve ter.”
“Se tivesse função os médicos
não tiravam. Os caras sabem o que fazem.”
“E o que será de mim sem
vesícula?..”
“E o que será da sua vesícula
sem você?”
“Pobrezinha... Ela dependia de
mim!”
“Mais do que você dela...
Acredito...”
E então o gordo entrou numa depressão
maior ainda. Como fui eu quem piorou as coisas resolvi ir embora.
03.
Mayara me chamou pra uma
meditação dentro de um ônibus. O piloto era um mestre yogue que dizia ter 158
anos. Fiquei meio apreensivo com a questão da carteira de habilitação e tudo
mais... Na verdade fiquei pensando se o DETRAN estipulava uma idade limite pra
dirigir. Não pesquisei, mas acredito que não. Uma vez habilitado, não importa se
você tem mais de 150 anos, desde que esteja enxergando bem e que sua pressão bata
em 12x8.
Nos encontramos às 18h num
ponto da 23 de maio. O ônibus estava lá e o guru motorista aparentava ter muito
mais que 158 anos. Fiquei um pouco preocupado... Abriu a porta:
“A meditação é cem reais.”
“Ah, tem que pagar?”
“Manter um ônibus desse porte
custa dinheiro, meu caro.”
Convenhamos, o busão não era
lá desse porte todo. Parecia um ônibus da CMTC, sem bancos e com uns
colchonetes encardidos pregado no chão.
Pagamos e nos sentamos em
posição de lótus em um dos colchonetes. Tinha mais alguns malucos em outros
colchonetes, não muitos.
O Guru colocou uma fita
cassete com um som da Enya (lembrem-se que o guru tinha mais de 150 anos) e
arrancou. Aí começou a conduzir a meditação de maneira clássica:
“Vamos desconectar de todo o
ambiente externo... Nesse momento vocês não estão no meio do rush da 23 de Maio...
Agora comecem a imaginar que estão numa praia, ouçam o barulho do mar...”
O som da Enya até tinha um
barulhinho de mar, só que o velhinho guiava, de fato, que nem velhinho. Ia
acelerando e desacelerando o tempo todo como se tivesse pilotando uma máquina
de costura. Chacoalhava tanto que parecia que estávamos em alto mar. Ele
continuou:
“Agora vocês olhem para a luz
do sol e deixe ela entrar na sua cabeça, nos seus olhos, nariz...”
Breve pausa e um grito.
“Vai, filha da puta, se quer
entrar entra logo, não fica embaçando... fura fila do caralho!”
O trânsito da 23 era demais
até para um mestre yogue de 158 anos.
Seguimos em duas horas de
meditação. Intercalando praias, barulho de mar, buzinas, chacoalhadas e
reclamações. Conseguimos andar da Liberdade ao Centro Cultural. Quando descemos
Mayara perguntou:
“E aí, o que está sentindo?”
“Ah, me sinto um pouco calmo,
um pouco estressado e um pouco idiota por pagar 100 pilas pra andar 500m.”
“Incrível como esse guru mexe
com a cabeça da gente...”
“Inacreditável”
04.
O gordo teve alta e voltou a
trabalhar. As meninas da recepção encheram a mesa dele de bexigas e escreveram
numa cartolina “Bem-vindo de volta, gordo!” Foi legal da parte delas. Aquelas
decoração toda dava um ar de festa do Mac Donalds na repartição.
O gordo chegou e o pessoal
começou a cantar parabéns, jogar serpentina, confete... Entre nós, ele nem era
tão querido no escritório. Não que fosse mau caráter, mas era o tipo que não
cheirava nem fedia. De qualquer forma, foi assim que o recebemos no seu retorno
a labuta.
A baia dele ficava do lado da
minha. Ele sentou e percebi que tinha um pote de Helmmans desses de 500ml.
“O que é isso, gordo?”
“Minha Vesícula.”
“Você tá de sacanagem!”
“Sério... Não vou abandonar
uma parte de mim.”
“Tá, mas num pote de
maionese?”
“É o que eu tinha em casa.”
“E tá mergulhado em que?
Etér?”
“Não. Tiner.”
“Hãn?”
“Tiner.”
“Tiner, solvente tiner?”
“É, é o que eu tinha em casa.”
“Você é um cara que sabe se
virar com o que tá em casa, hein?”
“A gente tenta...”
E a vesícula boiando no tiner
ficou ali, em cima da mesa, do lado do de um porta copo enfeitado com palito de
sorvete escrito “Papai, te amo.”
“Ei, gordo, você tá sabendo
que hoje vai rolar uma sessão de cinema do primeiro filme dirigido por
extraterrestres no planeta?”
“Sério, onde?”
“No Portal da Casa dos Quatro
Sois... Conhece.”
“Conhecer eu conheço, mas não
sabia que você se interessava pelo assunto.”
“Não me interesso, mas tenho
uma amiga que curte... Tá a fim de ir?”
“Claro!”
05.
O Portal da Casa dos Quatro
Sois tinha uma coisa curiosa: cinco sois pintados no teto. Quando perguntei pra
Mayara porque tinha um sol a mais ela respondeu que o sol do meio era o nosso
sol e os outro quatro eram os quatro sois da casa.
“Ah, entendi.”
Antes do filme começar uma
senhora que se apresentou como sendo a orientanda do terceiro sol ( que me fez
deduzir que naquela casa tinham quatro orientandos) explicou a produção do
filme. Segundo ela todo o recurso de produção, uma quantia de quase dois
milhões, foi captada através de crowdfunding, a famosa vaquinha virtual (uau,
hein!). Foi todo filmado na Juréia pelos seres de outro planeta. Segundo ela,
no final da apresentação o diretor, que estava ali se preparando, iria comentar
o filme. Ficamos excitados: “O ET, o ET!!!! O ET vai vir explicar o filme pra
nós, pobres terráqueos!!!!”
E a sessão começou. Foram
aproximadamente duas horas e meia de tomadas com enquadramentos duvidosos de
praias e árvores e uma narração ao fundo, ininteligível, feita digitando texto
no Google Translate e apertando o botão
de ‘como se fala’.
E chegou o momento tão
esperado: O ET iria aparecer na nossa frente e explicar aquela bosta toda. Suspense,
e então aparece um sujeito com uma camisa puída, calça Jeans e um máscara de monstro. A orientanda do terceiro sol explica:
“Agora nosso irmão Hamilton
vai canalizar uma mensagem dos nossos amados seres de luz.”
Todo mundo fingiu que estava
tudo bem, mas senti uma decepção no ar. O Irmão Hamilton começou:
“Queridos, nós os Arcturianos
queremos trazer uma mensagem de alerta a todo o povo da terra. Estamos vivendo uma fase de transição onde a
terra será acolhida por outras civilizações e...”
Bom, a partir daí parei de
prestar atenção no texto e fiquei me divertindo com aquele senhor de máscara de
carnaval levando aquilo tudo muito a sério.
Saímos de lá mudos. Até que
Gordo quebra o silêncio.
“Há tanta coisa que está fora
do nosso entendimento...”
Mayara concordou com a cabeça
e senti que ela ia mandar o clichezaço do Shakespeare: “Há mais mistérios...”
Cortei no ato:
“A gente podia bater uma
pizza, né?”
Mas Mayara era vegana
crudicista e o gordo, coitado, não tinha mais vesícula.
Resolvemos ir cada um pra sua
casa.
Foi, realmente, uma noite
decepcionante.
06.
Sexta feira de feriado. Ligo a
TV e Shipa, o guru de Oregon estava no programa da Fátima Bernardes. Ele
perguntou:
“O Willian Bonner está onde
agora? Está no Jornal Nacional? Está na sua casa? Está passeando com os
trigêmeos?..”
A apresentadora titubeou:
“A essa hora, acho que ele
está correndo na Lagoa.”
“Não, com certeza não está.
Onde está William Bonner?”
Silêncio no estúdio. Gritei na
minha sala: “Está na sua cabeça!!!!!!”
E ele respondeu pausadamente:
“Willian Bonner está na nossa
cabeça.”
Quase acertei.
07.
Mayara e eu começamos a namorar,
mas não transávamos. Tá certo, é uma informação desnecessária.
Mayara e eu começamos a
namorar e ela me convenceu a abandonar o carro e comprar uma bicicleta. Foi a
pior coisa que fiz. São Paulo só tem ladeira e vivo dois momentos de tensão,
quando estou descendo, pego um pouco de embalo e fico com a nítida impressão de
que vou morrer e quando subo a ladeira e não existe marcha que dê jeito. Tenho
taquicardia, começo a suar na testa e brotam rodelas enormes embaixo do meu
sovaco.
Trabalho a menos de um
quilómetro de casa, o suficiente pra eu chegar no escritório parecendo um
maratonista cruzando a linha de chegada.
Naquele dia eu cheguei e
pediram pra aumentar o ar condicionado. Não contentes ainda pediram pro homem
do ar pra borrifar aquele cheirinho eucalipto no filtro... O desodorante 48h
não durou nem duas, pensei.
Naquele dia percebi que a
vesícula do gordo estava perdendo a cor.
“Gordo, acho que sua vesícula
está indo pro saco.”
“Eu sei. Já falei com um
taxidermista e ele vai fazer uma jóia com ela.”
“Sério? Com aquela tecnologia
que fizeram um diamante com o cabelo do Pelé?”
“ Não tô sabendo dessa, não.”
“Dá um google aí: diamante de
cabelo do pelé”
“Não, mas não é nada disso. É
um cara que transa uns arames faz umas paradas zen... Ele também empalha
animais... Um artista, sabe.”
“Aí ele vai empalhar sua
vesícula e transar uns arames nela?”
“É, mais ou menos isso.”
“Maneiro.”
08.
Tá ok, eu falei que a
informação era desnecessária, mas tem umas curiosidades então vou contar. Outro
dia eu comentei com Mayara sobre o fato de não transarmos e ela disse que não
gostaria de ter relações com uma pessoa que se alimenta de cadáveres. Demorei
alguns segundos pra entender que era porque eu comia carne e esse tempinho a
mais me deixou sem resposta. Perdi o time. Poderia ter respondido um monte de
coisas, mas disse apenas: tá bom.
Mentira, eu não poderia ter
respondido um monte de coisas. Nem sei o que responderia se ela me falasse agora.
09.
Gordo chegou todo afobado na
minha baia.
“Cara, você não sabe!”
“O que?”
“Sabe o Irmão Hamilton?”
“O ET?”
“ET não, o orientando do
Primeiro Sol. Ele é o único que consegue canalizar mensagens dos Arcturianos”
“Tudo bem. Sei. Que que tem?”
“Que tem que ele trabalha aqui!” e apontou pra
baixo. Eu sabia muito bem o que tinha lá embaixo.
“Corretor de seguros!!! O ET é
um corretor de seguros?”
“Sim, acredita? O Orientando
do primeiro sol trabalha bem aqui embaixo!”
“Gordo, raciocinemos... Sem
querer tirar suas ilusões. A casa dos quatro sois, pelo que eu saquei é dirigida
por quatro orientando, certo?”
“Certo.”
“Os quatro arrecadaram dois
milhões pra fazer um filme que não custou nem mil reais. Pensa, cara, cada
orientando do sol enfiou no bolso quinhentão... Capaz ainda do Miltinho ter
embolsado mais porque ele é o primeiro... Me explica, se eles faturam tanto com
esse negócio de ET, pra que que o cara quer trabalhar com corretagem?”
“Com certeza é alguma
manifestação Karmica.”
“Pode até ser...”
10.
Fiquei com essa história na
cabeça até que desenvolvi uma teoria. Contei pra Mayara:
“Olha só: na estreia do filme
tinham quantas pessoas, umas 20, 30...”
“Por aí”
“Pois é. Você sabe como
funcionam essas vaquinhas eletrônicas? Cada um vai lá e deposita dez, vinte
paus e tem direito a ganhar um ingresso... Se eles arrecadaram dois milhões
quer dizer que mais de 100 mil pessoas ganharam entrada. Será possível que
noventa e nove mil novecentos e setenta pessoas pagaram pra rodar o filme e não
se interessaram em ver o resultado?”
“hum”
“O que eu quero dizer é que,
com certeza o corretor Hamilton, mais conhecido como orientando do primeiro
sol, deu algum golpe no seguro, ou sei lá, fez alguma maracutaia, e lavou o
dinheiro com esse negócio do filme.”
Mayara olhou pra mim por
alguns segundo e se limitou a responder:
“Como você é mundano.”
Pensei três coisas a esse
respeito: 01 – Essa menina fuma um, não é possível. 02 – Além de devorador de
cadáveres sou mundano. Agora que essa mina não vai dar pra mim de jeito nenhum.
03. Onde estão os dois milhões que foram arrecadados pro filme? Estão na minha
cabeça!
11.
Fui na feira e vocês não
acreditam quem eu encontrei comendo um pastel não sei de quê. Ele mesmo, Shipa,
o guru de Óregon. Não resisti e fui falar com ele.
“E aí, guru, ainda por aqui?
Não voltou pra Óregon.”
“Olá” ele disse. Só isso. Não
respondeu minha pergunta.
“Olá... Eu fui numa palestra
sua.”
“Sabia atitude.”
“Guru, eu queria compartilhar
uma coisa que meditei muito e acho que compreendi.”
“Pode se expressar.”
“Na verdade, eu acho que
Óregon está só na sua cabeça. Você nasceu mesmo Foi na Vila Sônia. Tô certo?”
“Isso, meu bom amigo, é uma
questão de ponto de vista. Entenda, estamos em comunhão agora, estamos
envolvidos no mesmo assunto, no entanto, eu estou olhando o seu rosto, e por
detrás do seu rosto vejo uma barraca de pastéis. Você, possivelmente está vendo
o meu rosto e uma barraca de caldo de cana. Certo?”
“Certo.”
“Mas se você virar o seu rosto
um pouquinho pra direita e eu for um pouquinho pra lá também, você vai ver o
meu rosto e também vai ver uma barraca de pastel. Entende? Eu e você estaremos
vendo barracas de pastel, mas não são as mesmas barracas de pastel. Que
conclusão chegamos disso?”
“Que a feira tem duas barracas
de pastel?”
“Não, que eu, você e as
barracas de pastel estão na nossa cabeça.”
“Eu tive uma leve impressão
que sua teoria iria terminar dessa forma.”
“O que indica que estas
virando um sábio. Parabéns.”
“Esse pastel que você está
comendo é de carne?”
“Carne com queijo.”
“ E você não liga de estar se
alimentando de cadáveres.”
“Não penso nisso. Eu apenas
como.”
“Entendo.”
“ Se não se importar...”
“Não, tudo bem. Foi um prazer
conversar com o senhor.”
“Pode me chamar só de guru.”
“Foi um prazer conversar com o
guru.”
Ele virou as coisas e saiu
puxando um carrinho com as rodas ridiculamente alinhadas.
12
Mayara ia fazer o jantar então
levei um monte de tomates. O cardápio era tomate recheado com grãos germinados.
Tudo devidamente vegano e cru. Mayara, como já disse era vegana crudicista.
Pensei em falar sobre meu
encontro com o guru mas deixei pra lá. Encostei na porta e fiquei vendo ela
abrir os tomates. Com uma faca pequena ela deslizava rente as sementes,
retirando apenas as partes que ela realmente não ia aproveitar para o prato.
Movimentos lentos e preciso. Quando prontos, as duas partes do tomate estavam
exatamente do mesmo tamanho e com cavidades perfeitas. Uma obra de arte.
“Você domina mesmo a arte de
dissecar um tomate!”
Ela não respondeu, estava
muito concentrada.
Naquele dia pensei que iriamos
transar, mas não transamos.
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